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FIM DE UMA ERA ADMINISTRATIVA COM O MÉDICO OSMARINO DE OLIVEIRA TERRA
Dois grandes problemas urbanos não resolvidos
O calçamento e a Energia Elétrica

Chegava em 1950 o término de um dos períodos mais profícuos de nossa terra, tendo à frente da administração municipal, o médico conterrâneo, Osmarino de Oliveira Terra. Este importante cidadão deixava de concorrer para sempre os cargos públicos, sendo, no entretanto o líder inconteste de uma facção política que era na atualidade a União Democrática Nacional, a UDN, e cuja ação terminou com a sua morte.
Dr. Osmarino, como era conhecido, embora as suas qualidades apregoadas por muitos, não conseguiu dotar nossa cidade de um calçamento de pedras ou similares. Nosso território, além da distância com outros centros, era formado geologicamente por solo arenoso que dificultava a melhoria das vias terrestres, já que o material necessário ficava localizado a enormes distâncias, inclusive do Uruguai que possuía jazidas de balastro que distava 30 km da cidade, com enormes entraves burocráticos, aliás, até hoje, para conseguir tal produto, a pedra e o balastro.
As nossas estradas eram de péssima qualidade e as ruas da sede municipal, nada mais formavam que umas passagens de areia e poeira em tempos de seca e atoladouros durante os momentos chuvosos. Recorria-se ao expediente primário de preencher os buracos quase instransponíveis com as famosas plantas conhecidas por estas bandas de as “espinhosas chilcas ou chircas” e posteriormente feito isso, os mesmos eram cobertos por areia que eram abundantes e próximas na beira do riacho.
Com o início da década em questão começou o aumento de veículos a motor que dependiam da perícia dos motoristas, da força dos assistentes e da qualidade do carro, principalmente quando chegaram os “após guerra”, Jeeps.
Assim foi por um tempo até que com a vinda da “Faixa de Cimento Armado” que resiste até nossos dias e depois, com o início do calçamento com pedra irregular, começou a mudar o panorama da circulação na urbe, dominada pelas carroças e os carros puxados a cavalos, inclusive os “Carros Grandes”, as carruagens.
Outra precariedade que se apresentava nesta região era o abastecimento de energia elétrica que antes de 1910 já proporcionava a nossa comunidade de tão precioso benefício. Somente a Usina Municipal fornecia “a luz”, porque a potência da mesma somente abastecia as casas, que eram poucas e uma iluminação pública muito rarefeita.
Nesse fim de período de 40 a população aumentou muito e as prioridades se fizeram sentir, como energia durante o dia e máquinas sendo movidas a ela. Começaram a chegar os ferros elétricos, chuveiros, alguns rádios, toca-discos, que passaram a exigir mais força que, na realidade, os geradores não podiam fornecer.
A época do modernismo não dispensava tal consumo e numa aflitiva possibilidade de acontecer o fechamento da fornecedora de tal produto, as autoridades resolveram fazer um racionamento que durou mais de dez anos e que consistia em dividir a cidade em duas áreas para receberem o abastecimento:
“da rua Conde de Porto Alegre, na calçada do cinema Independência para o norte, a energia começava ao entardecer, ficando da vereda da praça Marechal Andréa para o sul, desabastecida. Lá pelas nove horas, quando a maioria da população já estava dormindo, fazia-se a ligação das duas partes. O Hospital e as praças possuíam iluminação constante. No outro dia era invertido o sistema.”
Corria uma anedota muito em moda entre nossa gente. Quando havia um falecimento, a Prefeitura Municipal mantinha a energia do lado da casa do finado, mesmo que, na noite anterior este fosse o contemplado e é por isso que a brincadeira surgia quando do aviso do passamento da pessoa que todos conheciam. A pergunta sempre saia da boca de um morador mais saliente: “ em que lado mora o fulano?” Isto era feito para que pudessem alguns, serem aquinhoados com dois dias de luz”.
A população acostumada com tais vicissitudes recebia aquelas situações, a das ruas e da eletricidade com estoicismo e paciência.
A partir dos primeiros anos foi comprado um motor marca Polar e depois, um Sueco que muito pouco acrescentaram na solução desses angustiantes problemas, mas mesmo assim, fomos construindo uma terra com relativo progresso, onde hoje contemplamos a vertiginosa evolução com um misto de saudade, reconhecimento no condicionamento cívico para enfrentar essas grandes dificuldades e que as gerações presentes nem podem imaginar.

 

Parte interna da Usina Municipal vendo-se os motores e geradores Polar e do Sueco (acervo de Rubens Carrasco)
Rua Treze de Maio (Barão do Rio Branco) totalmente alagada (recuperação e acervo da Foto Color de Sérgio Oliveira)
Trecho da Barão do Rio Branco em frente a praça Marechal Andréa e Clube Comercial, coberta com uma camada leve de balastro feita na administração do Bacharel João Dêntice (foto da Prefeitura Municipal recondicionada por Sérgio Oliveira da Foto Color)

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br