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FINAL DE 30 E INÍCIO DE 40 – UM DOS MAIORES AVANTES DO FUTEBOL BRASILEIRO

SEZEFREDO ERNESTO DA COSTA – CARDEAL – PASSAGEM LUMINOSA E BREVE PELOS CAMPOS DO MUNDO

Este mergulhãozinho saído dos confins da Canoa, lindeira com os Afogados em nosso município, foi um dos mais importantes jogadores de futebol do Brasil, gaúcho, de Santa Vitória do Palmar, passou pelos estádios como uma estela fulgurante que encantou o planeta, mais especialmente a Meca do esporte bretão que era o Rio de Janeiro na época e o centro maior, que formava um cone com nosso pais, Uruguai e Argentina.
Veio da “campanha” mocinho e como conta seu grande amigo Alenir Bacelo, quando teve que deixar as plagas interioranas, no momento da saída da porteira dos campos de seu pai, teve um impulso surpreendente, ao não querer vir para o “povo” para estudar, já que estava numa idade em que não poderia ficar para atrás e que deveria freqüentar os bancos escolares. Incentivado por essas pessoas citadas e tão chegadas, veio para a vida urbana e na rua 7 de setembro, lá na Coxilha, nos fundos do Rio Branco, começou a sua vida no trato da bola, primeiro, com a de pano e depois vestindo a camiseta do Santa Cruz para logo chegar ao Grêmio Esportivo Brasil.
Como curiosidade, nunca envergou as cores dos maiores clubes nossos, como o Rio Branco e Vitoriense. Sempre com uma boina vermelha e após, com uma rede na cabeça da mesma cor, que era usada por todos os jovens que praticavam aquele esporte. Esta, talvez, aja sido confeccionada pelas “TEMOCLÉIAS”, na esperança de que o promissor esportista fosse parar no campo do Tricolor.
Quando em idade de prestar o serviço militar, levado por um seu amigo, o lembrando Nestor Corbiniano de Andrade que também, em sua atividade, um grande orgulho para todos daqui, foi jogar no Regimento, o verde amarelo que depois, por um decreto da ditadura em 1942, mudou de nome para C. A. Farroupilha e teve que acrescentar mais uma cor, a vermelha, juntando-se às outras, como também fez esse expediente o time nosso, o Leão da Coxilha.
Campeão gaúcho de 1935 pelo Regimento, devido a sua grande atuação no meio futbolístico, chegou ao grande Fluminense da capital federal, o primeiro em todo o território brasileiro e antes, de uma passada gloriosa pelo Nacional de Montevidéu que era a base da seleção daquele pais, onde deixou grandes recordações, como se provará depois. Foi da seleção rio-grandense, brasileira e tornou-se considerado um dos maiores jogadores do mundo na posição.
Boêmio inveterado, jogava tudo o quê lhe chegasse pela frente e varava noites nas casas de jogatina e devido a isso, foi adquirindo a doença que o levaria à morte, o mal do século, que era a imbatível tuberculose que, aliás, seria a grande vencedora desse crack de bola. Teve, também, um joelho arrebentado pela fúria de seus adversários que não o podiam bater dentro das quatro linhas. Mesmo assim, ainda teve forças para jogar na seleção gaúcha e provocar a nossa vitória em São Paulo. Foram esses os últimos grandes momentos de glória do CARDEAL.
Em estado terminal, o Club Nacional de Futbol, o levou para a capital uruguaia, na tentativa de dar-lhe toda a assistência naquela cidade que era um dos mais avançados locais de combate a terrível doença, tudo às custas do time, mas o mal já estava incrustado em seus pulmões e quando resolveu cuidar-se, já era tarde. Nem a prorrogação, como nos finais de partidas, pode mantê-lo vivo.
Foi-se Sezefredo Ernesto da Costa – o CARDEAL, em 4 de agosto de 1949, deixava esta vida em terras platinas e hoje seus restos repousam em uma herma no Ginásio de Esportes Cardeal em nossa cidade, que leva o seu apelido e que está colocado ali como mostra de quem foi o grande jogador.
CARDEAL, um símbolo no futebol do mundo e reverenciado por todos aqueles que o viram jogar e os nossos octogenários esportistas conterrâneos e de outras localidades dizem, com convicção que, depois de Pelé, somente conheceram um gênio da bola que encantou o mundo esportivo por onde passou e que teve como cruel adversário, ele mesmo, com o descuido de sua situação física e as noitadas na “carpeta”, mas que isso não foi o suficiente para empanar a glória do grande astro, amigo de seus amigos, disciplinado em campo e que com sua boina escarlate, encantou os olhos e as almas daqueles todos que amam o futebol.
SEZEFREDO ERNESTO DA COSTA – O CARDEAL, que saiu do inteiror de nosso município e deslumbrou a todos que o viram atuar.

Cardeal – o primeiro atrás do arqueiro do Regimento
que além dele tinha outros mergulhões como os irmãos Birilas,
Bichinho Dágua e Coruja – campeões gaúchos de 1935

Cardeal no quarto do hospital sendo visitado por dirigentes do Nacional,
do Grêmio Futebol Porto-alegrense e da Federação Gaúcha de Futebol.
Eram seus últimos momentos atestando a gratidão e reconhecimento do
mundo esportivo, que por breve passagem foi aplaudido e revenciado por ele.


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br