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JOÃO CARLOS LEONETTI PETRUZZI - Um dos maiores artistas da Terra
Um conterrâneo de múltiplas atividades culturais

Oriundo de famílias italianas, os Leonetti e Petruzzi, desde menino demonstrou inclinações para vários ramos da arte e foi, por poucos, mas profícuos tempos de sua existência, uma referência na vida estudantil, social e muito mais, no trabalho comunitário, ligado com as suas habilidades, às classes mais desfavorecidas que gravitavam em torno de si.
Filho do inconfundível Vicente Petruzzi e América Leonetti cuidou de ambos e foi o arrimo de sua irmã, a professora Carmem, também, de curta vida e esteve sempre inclinado para as manifestações artísticas numa cidadezinha carente de contato com os centros maiores.
Desde pequeno demonstrava sua inteligência precoce, principalmente no Colégio Elementar, o querido Manoel Vicente do Amaral, como estudante onde, através de seus desenhos escolares, esculturas em greda e as pinturas mais ousadas, marcou uma trajetória entre tantos estudantes que se destacaram, ali.
João Carlos apresentava uma personalidade alegre sempre estava pronto para uma “molecagem”, mas ao mesmo tempo, inclinava-se para ficar a frente de movimento que serviria para ajudar um necessitado.
De um carisma contagiante era sempre um grande líder, principalmente, quando testado no contato com o público que o adorava.
Nos seus desenhos retratava cenas de nossa vida cotidiana, fazia de suas esculturas a personificação daqueles que iria apresentar.
No teatro foi um dos maiores expoentes como ator e diretor, num meio em que já haviam passado, Francisco Gomes de Almeida, Nardi Azevedo, Nelson Vasques Rodrigues, Clara e Elba Pinto e tantos outros.
Juntamente com a estudante Nancy de Azevedo empolgou nossas plateias e de outros centros onde representaram e quando dirigiu a peça de Anselmo Amaral, o Vento, ficou consagrado para sempre.
Estudante, após o curso primário foi aprimorar-se no Ginásio de Santa Vitória, onde marcou profundamente como aluno alegre e brincalhão, mas, sobretudo, aplicado e destaque inconteste nas artes citadas.
Formado no curso ginasial, partiu em pós de outros horizontes e chegou à capital para estudar Artes e ai, pôde demonstrar sua capacidade num ambiente tão competitivo. Foi muitas vezes laureado na confecção das vitrines porto-alegrense, principalmente saindo vitorioso em 1º lugar no trabalho da Casa Sloper, em plena Rua da Praia.
Completados seus estudos voltou para cá e passou a lecionar a sua cadeira preferida, o desenho, nas escolas em que estudou tornando-se um marco nesse difícil mister, o de ser professor.
As suas pinturas e os seus desenhos ainda hoje, enfeitam galerias da cidade e de outros lugares. Muitas residências, das mais modestas até suntuosas expõem os trabalhos de João Carlos Petruzzi.
Sob encomenda, quando a morte veio ceifar-lhe a vida, estava terminando um trabalho que ficou marcado na nossa história. Com as informações do historiador patrício Sint-Clair Azambuja, estava terminado um quadro que retratava a estada de Don Diogo de Souza, quando acampado do Pontal do Paraguai, às margens da Mirim, preparava-se para conquistar a colônia do Sacramento, transformando-se na Província Cisplatina, hoje o Uruguai.
Mas o seu maior e mais significativo trabalho que saiu de sua inspiração e do motivo religioso foi o painel feito na abóboda da nave da Igreja Matriz de nossa cidade que fervorosamente estampava cenas bíblicas que transformou-se num marco da arte nesse longínquos lugares do sul.
Uma mão irresponsável, desrespeitando a tradição e a vontade de muitos que se orgulhavam de seu trabalho, colocou por terra um momento tão rico de expressão deste vulto conterrâneo.
João Carlos teve uma morte repentina e partiu de nosso convívio com apenas 28 anos, para o desconsolo de seus amigos, colegas e a grande maioria da população, principalmente, a mais desprovida da sorte que esteve em massa acompanhando-o até sua última morada.
Este moço de origem peninsular, com sua família vindo da longínqua Itália, teve uma pequena passagem por este mundo, mas, mesmo assim, criou em torno de si, uma auréola de cordura e sensibilidade.
Foi amigo de todos! Professor emérito, artista incomparável que deixou em seus trabalhos o afã de retratar a vida no meio em que viveu. Grande companheiro, desprendido de vaidades e afã de dinheiro, sendo que o seu maior trabalho, o fez graciosamente, mesmo assim, a sanha maldita aproveitou momentos de poder e colocou por terra uma das maiores maravilhas que esta terra já apresentou no setor da arte da pintura.
O julgamento da História foi feito, os algozes desapareceram, mas a vida desse moço, tão fértil, breve, continua marcando os passos desta grande civilização dos Campos Neutrais.

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br