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ENERGIA ELÉTRICA EM NOSSA CIDADE
MISTO DE DIFICULDADES E ROMANTISMO

Em outro espaço desta crônica já mencionei a evolução do fornecimento de energia elétrica na sede do município que a partir de 1905 se equiparava a outras cidades do Estado que abandonavam a iluminação feita com óleo de baleia e depois a gás acetileno.
Os motores começaram a rugir na beira do Riacho na data apontada e o pequeno perímetro urbano passou a contar com ruas iluminadas e em algumas residências, clubes, praças e comércio, colocando-nos na era da modernidade.
A adoção de tão promissor avanço era feita somente durante a noite até as onze ou doze horas, para provocar um grande conforto mesmo que, a partir daí, a escuridão voltasse a acontecer e os velhos lampiões passassem a reinar soberanos nas casas ricas e as velas de graxa de ovelha, nas dos mais humildes.
Dessa data em diante, foram feitas grandes melhorias para a expansão da rede elétrica para fora da cidade chegando até a Coxilha no lado sul, nos Rotta, para o norte e na outra confrontação, até a Deodoro e Campos Neutrais.
Mais um motor foi adicionado na Usina onde em 1937 foi dada uma passagem definitiva com a famosa ponte de cimento armado que resiste até hoje e que foi construída para dar acesso na rua Mirapalhete, importante artéria que demanda ao lado meridional, indo ao hospital, Rio Branco, cemitério e Parque do Sindicato Rural, terminando no matadouro e depois, para estrada de S. Miguel.
A década de 40 veio encontrar a demanda da energia numa situação gravíssima, mesmo tendo sido incorporados dois complexos de motores, que logo depois, deixaram de cumprir a sua meta, principalmente devido ao desenvolvimento da região. Era a época de pouco uso, pelas famílias locais, de aparelhos que comparados com os de agora, são brinquedos infantis, como rádio elétrico, eletrola com toca-discos e algum outro sem importância, de gasto mínimo.
Quando chega o ano de 1950, adentrando ao fim do ano, ficamos em situação trágica e como já havia sido tentado antes, foi estabelecida uma medida salomônica que durou por mais de dez anos até 1962 quando a empresa que era municipal, passou a fazer parte da CEEE e cuja posse pertence até os dias atuais.
A nova ordem, para suprir o deficit, fez com que a Prefeitura Municipal dividisse a cidade em duas zonas – a parte sul que saia da calçada da rua Conde de Porto Alegre e a norte, de vereda que margeava o Cine Theatro Independência.
Feito isso, o fornecimento de “luz”, acontecia em dias alternados. Um, para os do lado Uruguai e o outro, para o de Rio Grande, fato que tinha início com o ligamento dos motores e que durava até, mais ou menos, as 21 horas, para depois, quando a maioria dos habitantes já estava dormindo, acontecer a ligação total até o horário estabelecido, como já foi explanado aqui.
Fatos interessantes sucediam por essa situação: fosse época de calor, principalmente novembro e dezembro ou março e abril, as pessoas praticavam o salutar hábito de sentarem-se nas calçadas até ficar bem escuro, onde a gurizada brincava no leito da rua cheia de barro ou areia; se estivéssemos no inverno, as visitas noturnas eram praticadas com uma amistosa concorrência diária, mas não havia namoros nesse momento nas portas ou janelas.
Não existia o isolante costume de ficarmos fixos e silentes frente a uma máquina eletrônica que nos comanda e agride. Estamos em outra época e não poderemos retroceder jamais, embora quando há um problema e não recebemos tão precioso serviço, as vezes, fazemos retornar o velho costume de juntar-nos para conviver em sociedade.
Para completar esta narrativa não posso deixar de narrar uma piada que era falada, principalmente pelos mais jovens: quando havia um velório, já que este era feito nas próprias residências enlutadas, a usina fornecia energia para esse local e ai então, a zona, se, por acaso, no dia anterior tivesse sido contemplada pela preciosa carga de eletricidade, repetia o fato e então, muitos em tom de pilhéria diziam...morreu fulano? De que lado mora?
Cousas de um tempo que não volta mais, principalmente quando neste momento vivemos com um fornecimento abundante dessa progressista dádiva, mas fica ainda a pergunta que não quer calar............ “de que lado mora o defunto”?...Cousas de um tempo que jamais o teremos, aliás, para o bem ou para o mal?

 

Usina Municipal - Hoje escritório da CEEE - Foto do autor
Rua Mirapalhete vendo-se a esquerda o prédio
Praça General Andréa com um poste e luminárias públicas - Foto de Ligia Petruzzi, num trabalho de restauração do Studio 1 - Reprodução Digital
Rua Conde de Porto Alegre - Frente sul que limitava um dos lados da rede pública - Studio 1 - Reprodução Digital

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br