Quem somos
Coberturas
Notícias
Revista
Entrevistas
Enquetes
Arquivo
José Golgerci
Políbio Braga
Colaboradores
Zero Hora
Correio do Povo
Diário Popular
O Globo
Gazeta Esportiva
Clima Tempo
Weather Channel
UFPel
Tempo Agora
Banco do Brasil
Banrisul
Bradesco
Caixa Federal
Santander
Secretaria Fazenda RS
Receita Federal
Proc. Geral da União
TRT
TRE
INSS
Detran-RS
Consulta CEP
Lista Telefônica
 
 

Abílio Azambuja – Primeiro Mergulhão que teve nome de rua na Capital do Estado

Em muitas partes do mundo é comum ouvir-se o grito “Oh! Mergulhão!” Por esse nome somos conhecidos e nosso jeito de falar era, até bem pouco tempo, especial, embora agora, com os meios de comunicação, nossa maneira tão peculiar está desaparecendo principalmente na juventude, que prefere se expressar como carioca, mineiro, ou baiano, incentivados pelas vozes da televisão. É a força do momento! Muitos conterrâneos, ao partirem saudosos daqui, se destacam em suas atividades e orgulhamo-nos dessa vitória que muitos conseguem. Deve ser assim em todos os lugares, mas nós temos uma ponta de vaidade por essa situação.
O professor ABÍLIO AZAMBUJA, de uma das mais tradicionais estirpes da terra, é exemplo claro, do que estamos afirmando e antes de alçar vôo para Porto Alegre, mostrou sua capacidade entre nós.
Formando em Bioquímica e Farmácia, aqui trabalhou, ainda como funcionário público no Cartório de Registros Civis, mas nunca deixou de exercer o magistério, sua grande paixão, inclusive, tendo contraído matrimônio com uma mestra que veio entre nós laborar, Nayr Englesdorf. Após essa experiência voltou para a capital e lá foi um grande cientista, mas tendeu para o professorado e em sua casa abrigou estudantes conterrâneos, num simulacro de pensão para alunos que iam “estudar pra dentro”.
Foi professor do colégio padrão do estado, o Julho de Castilho e por mais de uma vez, seu diretor, somente deixando a cátedra quando, como ele mesmo afirmava, que “notou que seus alunos, pela sua idade, não mais o entendiam”. Que modéstia, mas grande responsabilidade de pedagogo.
Foi professor de muitos que depois se destacaram na vida profissional e política gaúcha, entre ele, o governador e, um fato ocorrido entre ambos, é digno de menção:

“já velho e não mais trabalhando como magister, gostava de visitar o seu querido “julinho” e muitas vezes andava pelos corredores a cata de novidades e na procura de estudantes desgarrados ou aflitos por não entenderem a famosa “química” e lá estava pronto para gratuitamente, ajudá-los. Certa ocasião, passando pela sala das funcionárias domésticas, as mais humildes, sentiu um choro compulsivo de uma delas e ao saber que o esposo estava muito enfermo, lamentava-se por não estar recebendo o seu salário, como aliás, muitos de nós, passamos por tão difícil aflição, naquela época.
Prof. ABÍLIO voltou e preocupado com o acontecido, dirigiu-se para o Palácio Piratini, a procura do governador Brizola, menino pobre que enfrentou grande apertos para formar-se em engenharia e que foi um de seus diletos alunos, e com a voz muito alta e alterada queria ser recebido pelo 1º mandatário do executivo.
O chefe do cerimonial não permitiu a sua entrada, mas Leonel Brizola conhecendo o jeito inconfundível de falar do velho mestre, mandou que permitissem sua entrada no gabinete e ofereceu-lhe um café para acalmá-lo e ai começa este pequeno diálogo, que é digno de ser registrado: “professor, diz Brizola, acalme-se, tome um cafezinho e Abílio, responde, que cafezinho, nada! Pensas que as domésticas não comem? Fazem alguns meses que não vem o salário. O governador diz que irá solucionar no outro dia, o problema. Abílio novamente se revolta e afirma que não irá sair do palácio antes de levar para as funcionárias a solução imediata. O líder político chama um ajudante e manda formalizar uma ordem de pagamento para aquele momento e pronta esta, lhe é entregue. Professor Abílio, de posse do tão sonhado papel com a solução para o atraso, vira-se para o chefe e lhe diz categoricamente: agora vou sentar-me e tomar o café.”

Cousas do Grande Prof. Abílio, o “Abilinho”, como todos o chamavam carinhosamente.
Após o seu falecimento em 1971 um grupo de alunos que haviam passado por suas mãos e recebido eternos ensinamentos, fizeram um movimento para colocar numa artéria de Porto Alegre, o seu nome e que dizia: “Rua Prof. Abílio Azambuja”.
Grande passagem pela história desse homem íntegro que soube granjear o respeito de todos.

Prof. Abílio Azambuja

 


Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br