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NOVOS IMIGRANTES – A HOLANDA EM SANTA VITÓRIA DO PALMAR

A formação étnica de nossa terra foi a base do índio pampeano, e os guaranis, mais os brancos colonizadores, portugueses e espanhóis.
Antes de chegar 1870 a população era dividida entre os crioulos brasileiros e uruguaios e alguns negros saídos da brutal escravidão, sendo que os selvagens já estavam diluídos entre a nossa população pelo contato físico ou exterminados nas guerras ou doenças que provocaram a sua pouca representação biológica.
No ano citado, chegados via Uruguai, aportaram em nosso território um pequeno grupo de italianos encontram ambiente propício para se instalarem aqui e já no século XX, os árabes, fugidos das guerras da Europa e do domínio turco, transitaram por nossos campos numa incessante faina de mascates.
Depois, pequenos grupos de alemães, poloneses, espanhóis e mesmo portugueses, se estabeleceram nestas terras com muito poucos representantes.
Desta migração, tudo foi ao natural, não havendo uma movimentação organizada para o povoamento dos trabalhadores do Velho Continente, que tanto serviram aos descampados territórios da América e do Brasil.
A primeira manifestação estabelecida com um objetivo determinado, foi a chegada dos colonos holandeses, trazidos para cá pela clarividência de um médico, que aqui aportou para exercer a sua profissão e nestas bandas tornou-se um grande estancieiros radicado no local de nosso interior conhecido pela Estância do Cordão, que foi Amaranto Coutinho e que hoje é representado por uma família santa-vitoriense em toda a sua potencialidade.
Este homem visionário tinha fundadas esperanças que somente a pecuária e a monocultura do arroz, não poderiam sustentar o nosso desenvolvimento e que para mudar essa situação, deveria diversificar-se com produtos horti-fruti-granjeiros e de lacticínios.
Para esse progresso chegaram as famílias de representantes batavos, os VOGUELAR, no trabalho de hortaliças e depois, os SLOBS, no ramo do leite e seus derivados.
Mas a imigração duradoura que aqui se estabeleceu no mesmo local foi o dos KLEERS.
Vindos da Holanda convulsionada pela 2ª Guerra Mundial e com a perspectiva, findada esta, de novo conflito conhecido pela Guerra Fria, o Sr. LEEENDERT, sua esposa, JHOANNA, acompanhados pelos filhos menores KRYN, GERRIT e LEENDERT, resolveram aventurar-se pelo Atlântico e viajar para o Canadá, inicialmente, mas que por problemas de vistos, foi deslocar-se para o Brasil.
Chegados à costa brasileira em Maceió, sentiram o primeiro problema que foi o calor e contato com a população portuária daquela cidade que levou o chefe do clã a pensar em voltar. A viagem para o sul iria colocá-los ao compasso com a realidade gaúcha e se transferiram para o porto do Rio Grande e daí, via laguna dos Patos, São Gonçalo e Mirim, foram aportar nos campos dos Castros e daí se estabeleceram no Cordão.
Tendo como informante, o conterrâneo por adoção Gerrit, as impressões de nossos pagos foram os mais positivos possíveis: terras em abundância, clima especial, embora com calores maiores, sem a terrível neve européia, dando-lhes condições de trabalho no ano todo.
Gostaram da hospitalidade da gente do interior e depois, transferidos para a fazenda Botafogo, de Conrado Alves Guimarães, ficaram mais próximos a cidade de Santa Vitória do Palmar, onde passaram a residir, cujo motivo maior era estudar.
As recordações dos primeiros tempos, já que chegaram aqui em 22 de setembro de 1950, foi o não uso, por nós, de porões que conservavam os lacticínios que produziam para o trabalho industrial do leite, o doutor que os recebeu, importou vacas da Holanda para formar um plantel de gado leiteiro.
A professorinha Gladi Adriana Ortega deu-lhes o respaldo nas primeiras letras e todos a recordam com carinho e admiração, embora depois, chegassem até o “Povo” para estudar nas escolas locais.
Outro impacto, um jogo de futebol no campo do E.C. Rio Branco onde chegaram a jogar posteriormente, mas os mesmos, foram levados ao G.E. Brasil pelo irmão caçula que se transformou num excelente atleta.
Hoje o casal KLEER não está mais conosco, embora tenha deixado seus restos no solo que tanto amaram e seu filho, KRYN também, aja partido, mas fica uma descendência grande entre os mergulhões e tanto Léo e Geraldo nomes aportuguesados se destacaram, o primeiro, no ramo da marcenaria o segundo, figura importante nos meios administrativos, sendo atualmente, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores, entidade que ajudou a construir e também é o presidente do Conselho Municipal de Saúde.
Esta gente do velho continente desde o início dos anos cinqüenta, deram uma parcela de trabalho na evolução daqui e são figuras que ajudaram no desenvolvimento econômico, com uma participação que os orgulha, mas acima de tudo, demonstra a afinidade deles que vieram de tão longe para somar-se a uma parcela da riqueza deste chão sulino.
Os KLEERS são uma parte adventícia de nossa população que nos gratifica em tê-los como conterrâneos por adoção, mas que a descendência deles faz a razão de ser uma parcela de imigração nestas terras brasileiras.

 

A família Kleer chegando embarcada num iate na Lagoa Mirim em nosso município
Postais da Cidade Holandeza de onde são originários os Kleer - Cidade de Naaldwijk – Ponte onde os Kleer passavam diariamente para a Escola
Fonte Pública de Água da cidade que abastecia a população. Ao fundo a Prefeitura Municipal
Os irmãos Kleer Kryn (falecido), Gerrit (Geraldo) e Leendert (Léo)

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br