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LUCRÉCIA ALVES
Nascida antes da Fundação e referencia no calçamento de nossa cidade

Um dos maiores dramas da vida cotidiana desta zona foi a falta de pedras para o uso corrente, embora, distante apenas 30 Km, encontre se derramanto basáltico que formou o planalto meridional que se esparramou até as imediações do Prata e que em nossa geografia passou pelo lado oeste da Mirim. Como fomos originários de terrenos ganhos ao Atlântico, as rochas ígneas ou magmáticas somente são vistas ao longe em terreno uruguaio.
O drama dos administradores foi conseguir esse material para as construções civis, e principalmente as públicas, como pontes, estradas e a pavimentação das ruas de Santa Vitória do Palmar.
Na administração de João Dêntica, já comentada numa crônica anterior, houve uma tentativa de calçar a rua 13 de maio, depois, Barão do Rio Branco, em frente ao clube Comercial, mas não passou de uma camada de balastro, o saibro denominado hoje.
Quando veio a construção da “Faixa de Cimento, saída do porto e que chegou até a avenida Bento Gonçalves, no governo de João de Oliveira Rodrues – Ibrhain Boabaid”, foi dado o inicio do calçamento de nossas ruas com pedra irregular vinda de São Miguel, no Uruguai e daí em diante, esse trabalho começou a se expandir para todos os lados e agora possuímos uma cidade com uma cobertura que é referencia no Rio Grande do Sul.
A primeira quadra a receber esse beneficio foi a da Mirapalhete, saindo da Barão em direção à Neyta Ramos (antes Gal. Câmara) chegamos até a Prefeitura Municipal.
A mesma foi nivelada por dois jovens engenheiros agrônomos Carlos Alcy Cardoso e Arthur Moreira, baseados no Plano Diretor, que já existia e que foi confeccionado no governo primeiro de Osmarino de Oliveira Terra, talvez, nos idos de 1935-36, cuja informação foi dada pelo Eng. Neli Peixoto, funcionário da Secretaria de obras Publicas do nosso Estado e que na ocasião estava aqui, a fim de, inspecionar os trabalhos da escola de João Gomes.
A nossa primeira quadra calçada era dotada de três canteiros no centro, sendo um próximo a Faixa, o outro no meio e o terceiro, em frete da Prefeitura Municipal e que depois, devido ao grande fluxo de trânsito, os mesmos foram retirados.
Conforme noticia o Correio do Povo, o maior jornal gaúcho do momento, através do correspondente local, Mario Anselmi, no dia caloroso de 4 de dezembro de 1952, a veneranda senhora Lucrecia Alves, junto a muitas autoridades e povo em geral, colocou a primeira pedra para o começo de tão importante obra.
Por que a senhora Lucrecia Alves foi escolhida para tal fim, honroso, mas ao mesmo tempo, carinhoso?
Esta conterrânea havia nascido em 1946, anos antes da fundação da Povoação de Andréa, inclusive, como escrava e que veio recuperar a liberdade no glorioso ano de 1888.
Esta personagem viveu praticamente toda a sua existência no lado oeste da rua Cel. Dedeus, próximo onde agora a Vila Nova, numa chácara que devido a sua atuação no meio, ficou conhecida por “Chácara da Tia Lucrecia”, nome que a mesma se orgulhava, não tanto por levar seu nome, mas sim, por ela, uma referencia de pouso e local de abrigo para todos que necessitassem dela. Era uma palavra amiga, uma benzedera, chás, que aprendeu com seus antes passados que viveram naqueles instantes da escravidão.
Tia Lucrecia, agora, bonachona e carinhosa, sempre possuía uma palavra de carinho e fé para todas as situações que dela fosse necessário e como sabia contar historias dos tempos passados, principalmente dos fatos destacados pelos quais passou nossa gente.
Este cronista ligado por laços familiares com a gente da Tia Lucrecia, possui na memória relatos de fatos que engrandeceram outros, a vida dos “Mergulhões” e também, por que não, nublaram a vida desta gente, mas esta personagem de nosso meio, numa tarde de verão, saiu, já com 110 anos, conforme diz a nota, de sua longínqua “Chacra”, para deslocar-se até o centro, cujo fato quase nunca acontecia, na esperança de dotar essa ruazinha de uma trafegabilidade melhor.
Hoje, a “Tia Lucrecia”, não mais está com seus olhos que viram tanto e a idade que lhe curvou os ombros, mas ficou a imagem de uma grande mulher que nasceu escrava, cuidou de tantas pessoas misturou-se a quantos e que depois, seus pósteros, numa homenagem singela, deram-lhe o seu nome, Lucrecia Alves, uma via de nossa cidade, que embora colocada na parte norte, parecem fazer sentido, como a simbolizar a amizade e integração do povo citadino, pois viveu no sul e abraçou-se ao norte.
Como foi importante a passagem por esta terra da nascida e escrava em 1846 e marcadora do início de nosso calçamento de “pedra irregular”, em 1952, na sua existência de 110 anos.
A lembrada “Tia Lucrecia a Patrona de uma rua”

 

Lucrécia Alves da colocação da primeira pedra do calçamento que se iniciava vendo-se ao fundo Clario Pinto, Secretário Municipal. Clarel de Oliveira, funcionário público, a pesquisadora Ligia Spotorno Petruzzi em primeiro plano. Foto da neta professora Alice Acosta, cujas informações fazem parte deste trabalho
Trecho da Mirapalhete entre Barão e Neyta Ramos vendo-se o calçamento de pedra irregular onde a rua apresentava três canteiros em seu centro. A foto foi tirada quando o Ginásio de Santa Vitória funcionava no Sindicato Rural e era momento cívico quando estavam presente as delegações estudantis de Rocha, Castilhos e Chuy, além dos nossos ginásianos. Foto do autor com a cortesia do Jornal coirmão Vitoriense.
 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br