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BARRA DO CHUÍ -
A grande entrada para O PRATA e NOSSA CIDADE.
Seus principais locais de parada

A partir da década de 10 no século xx, abriu-se uma nova entrada para as comunicações com Chuí, o Prata e em nossa pequenina Santa Vitória do Palmar, o contato terrestre pela via da costa.
As viagens pelo litoral atlântico deixaram de ser as longas e cansativas passagens de carretas ou carros com tração cavalar atravessando o Banhado do Taim ou as inseguras pela lagoa Mirim em barcos ou “vapores” frágeis e demorados.
A era do carro a motor foi um grande avanço para as comunicações conosco desde outros pontos do país, como Rio Grande e Pelotas, principalmente.
O trânsito deixou de ser feito por dias para realizar-se quando o tempo permitia, em dez ou doze horas, embora, as vezes, este percurso fosse passado em perigosos e infindáveis momentos quando ficava-se preso nos cômbros do mar por vários dias.
Nesse segmento, a Barra do Chuí teve um papel importante na conexão, porque esse local estabelecido nos altos das barrancas serpenteando o arroio Chuí, que hoje não lhe faz reverências, já que foi, no maior crime ambiental acontecido dessa zona distanciado dela, estava como mostrando com seu centenário farol, o 1º do Brasil, que era a hora da saída das perigosas areias que o vento sul transformava em crueis rotas.
Esse balneário surgiu em fins do século XIX, o primeiro em nosso litoral porque fazia menos perigosos o ato de chegar até lá, vindo pelo “Corredor dos Vianas”, até as margens da futura praia As Maravilhas, para transformar-se num ponto aprazível de recreio e descanso, hoje, um ponto de grande turismo, principalmente da Argentina e Uruguai.
O ônibus da empresa Atlântica, de grandes serviços para a nossa comunicação com o resto do país, quando de uma ótima travessia costeira, saindo da cidade marítima, noite alta, fazia uma parada no “acampamento” do velho JOCA DOCUMENTO, o criador do local.
Por isso, eram necessários cômodos para ficar ou estrutura no abastecimento, as vezes , de famintos viajantes e dessa maneira dois grandes hotéis pontificaram na entrada do povoado, e agora avenida Argentina , mas antes, o “Empedrado”, estrada calçada com pedra irregular que atravessava o grande areal, até chegar em local mais seguro indo ao povoado do Chuí.
O Hotel Gaúcho, depois, Turismo, nome que ostenta até agora e o Cassino (alguns antigos moradores afirmam que assim era chamado) para levar para sempre o nome sugestivo de Atlântico.
Para chegar ou sair da Barra do Chuí era necessário passar pela beira das duas edificações portentosas, situação ímpar no litoral santa-vitoriense.
O hotel Turismo, possuía ao longo de mais de quase 90 anos, uma construção sólida e por ele passaram muitos proprietários que a memória das gentes e os registros oficiais colocam em dúvida e por isso, ficaram lembrados os pioneiros Hetor Calvete, João Silva, Máximo Belyran Nunes, José, o famoso Zeca Sousa, Ari Canabarro e o esquecido Mota, para atualmente estar nas mãos de Marcos Freitas.
Quase em frente, na diagonal da rua fica o hotel Atlântico, que nomeado de Cassino, talvez porque nas dependências do lado sul, ficava um apêndice onde estava instalado um local de jogatina e que foi desativo, quando em 1946, no governo Dutra, o jogo foi proibido (?) em todo território nacional.
Popularíssimo um de seus primeiros donos, o Farina, uruguaio que acompanhado pela boníssima esposa, Dona Helena e tendo como mestre da cozinha do “Negro Veríssimo”, de cujo paladar das refeições era muito apreciado, além da presteza de Obdúlia, funcionária do próprio estabelecimento.
Depois, vieram, outros donos ou arrendatários, como Vitola, o árabe Elias Squeff e sua senhora Dona Rosa e hoje é da propriedade da família de Aparício Amoza.
Ainda houve outros e entre eles nas imediações, o hotelzinho do Denolé Pereira, filho do fundador do balneário e de Dª. Sinhá e que não existe mais vestígios.
E por fim, de maneira rudimentar, num local que era anexo do Atlântico,
nada mais que umas peças que eram alugadas durante o verão e que popularizou-se no início dos anos 50 com o nome de Vertente, misto de bar, residência do dono, Omar Pontes, a sala de jogo, conhecida por local da “Timba”.
Era ponto de reunião dos boêmios de veraneio e os apreciadores do consumo etílico nessas plagas tão bonitas. Além do boteco do OMAR, era o destino de encontro pela manhã ou à tardinha, quando os ônibus da empresa Pássaro Azul, do Tano e da Delaidinha, estendiam a linha de Santa Vitória do Palmar e Chuí, até a beira do oceano e ali encontrava-se o Gostosinho que, pela orla marítima, duas vezes por dia, chegava ao Hermenegildo.
A VERTENTE, foi uma marca para os veranistas da área e depois do carismático Omar, passou às mãos do incrível Gabriel Pizzaro, cujo pai insistia em dizer que o mesmo chamava-se GRABIEL.
Este local comercial foi inaugurado no fim dos anos 40 ou começos de 50 para durar até meados de 60 onde deixou de existir nas mãos do segundo dono já citado.
A foto mostra os dois proprietários mostrando para a posteridade o físico que já dava sinais do passado que não voltaria mais.
Omar Pontes durante o inverno mudava seu negócio para a cidade, na casa onde reside o bacharel Marcus Auch Azambuja e fazia seu meio de trabalho com encontro dos mesmos membros apreciadores dos naipes.
Agora, quando estamos empenhados na indústria do turismo, os hotéis Turismo e Atlântico continuam sua senda de abrigar turistas em seus luxuosos ambientes, sendo um elo de progresso e abrigo aos que se deliciam com as belezas da Barra do Chuí e do mar.
A pousada do Denolé e de Dona Sinhá não está mais e a VERTENTE somente ficou na memória dos mais antigos e esta crônica preocupou-se em retratar aqueles instantes, tendo numa das fotos, a testemunhar e informar sua existência os líricos boêmios Gabriel Pizzaro e Roger Vianna.
Um tempo lindo que passou mostra as grandes dificuldades de uma gente que fez da orla atlântica um ponto de referência, no progresso turístico e nas belezas que a Barra do Chuí oferece a todos que gostam desta grande Terra.

Hotel Atlântico.
Hotel Turismo.
Da esquerda para a direita: Patroncito, Eudócio, Gabriel, Vilson, Omar, Cabo João e Roger Viana.
Prédio atual onde funcionou A VERTENTE na Barra do Chui.
Aparecendo Gabriel e Roger os remanescentes da foto “A VERTENTE”, a volta ao local.
Hotel Atlântico no momento da chegada do ônibus da Atlântica (um Ford 1934 ou 36) Arquivo da Família Zareti. (Recopilação Foto Color)

 

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br