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CONJUNTO VOCAL ANDORINHAS
Exemplo de Harmonia Musical nos Anos Dourados de 50 e 60

Nos tempos dos anos 40, período histórico que marcou grandes transformações na vida social do planeta, o Brasil saia de uma ferrenha ditadura onde imitando o Nazismo e Fascismo, Getulio Vargas contava com o teatro, cinema e principalmente a música, para cativar as mentes de nossos conterrâneos, não num amor à Pátria e sim, ao governo absoluto.
Desse modo, a melodia cantada servia às aspirações das elites e desse modo foi criado o “Samba Exaltação”, como o Na Baixa do Sapateiro, Canta Brasil e o mais admirado por todos, a Aquarela do Brasil, da inspiração de Ary Barroso, que incentivava a alma nacional nos louvores das belezas e potencialidades do povo e do território brasileiros.
Santa Vitória do Palmar, já tantas vezes citada, era um oásis de grandes cantores, compositores, artistas cênicos, de todas as espécies. Ajudava para o desenvolvimento em questão, o maravilhoso local para a ação, o Cine Theatro Independência, um dos três maiores do Estado.
A geração desse período seguia os caminhos líricos do verso e do canto em grande destaque e quando começa o ano de 1950 com o surgimento do Ginásio de Santa Vitória, a explosão desse cenário foi ainda maior.
Incentivado pelo sistema Ipaense de ver essa parte da educação dos jovens com suas assembléias culturais, começaram a aparecer estudantes ou não, que foram destaques nesse tipo de atividade que tantos frutos dão à cultura e que hoje está abandonado.
A Professora Clair Torino, dirigindo a cadeira de música, o mestre Josué Petrak, diretor do educandário, com sólida formação musical e o ídolo da juventude estudiosa, o amigo orientador José Simões, criaram uma simbiose no trato dessa área tão difícil como desejada.
Em 1952 numa dessas memoráveis “Assembléia dos Sábados, três estudantes, dois da terceira série ginasial, Jurandir e Rubén Dario, mais o do segundo ano, Homero, tendo como instrumentos de acompanhamento, um pandeiro, tambor e um agê, apresentaram-se, muito timidamente cantando as músicas da moda já citadas, faltando-lhes aquele que lhes daria a sonoridade melódica das notas e para tanto, uniram-se a dois companheiros, o Air e o Oldemar que, empunhando seus violões, passaram a compor o grupo.
Este quinteto tinha como mentor artístico, o jovem Ernani Frigério que mais se dedicava na organização dos esperançados artistas.
Faltava o nome para caracterizar os membros desse agrupamento, imitando os famosos, Titulares do Rítmo, Anjos do Inferno, Banda da Lua, Quatro Azes e Um Coringa, Os Cariocas e tantos outros, que funcionavam com grande sucesso no eixo Rio-São Paulo, tocados em todas as rádios brasileiras.
Ernani Frigério estava junto aos demais quando discutia-se o nosso apelido caracterizante e vendo a figura raquítica de um de nossos mestres, achou-o parecido com uma andorinha e daí ficou gravado para sempre o Conjunto Vocal Andorinhas.
A partir daí, várias formações teve o mesmo e a linha melódica foi o canto a três vozes, as vezes quatro, interpretando os cantos de moda. Primeiro sambas, mais os boleros e tangos em “tempo” dos anteriores, para depois enveredar para os maravilhosos baiões, sambas canções e finalmente a Bossa Nova que foi o último dos estilos praticados pelo grupo.
Professor Petrak no francês e Simões, no inglês faziam com que os Andorinhas interpretassem canções nas línguas que ensinavam e por isso fomos muito admirados nos ambiente da arte.
Outros companheiros foram participando como o Sete Bolinha no cavaquinho e no seu requinto, o Fernando Bicudo e o Ducha no rítmo do surdo e do pandeiro.
A última aquisição dos Andorinhas foi o inteligente aluno José Fúlvio Amaral que além de afinado, era executante do acordeón.
Os autores favoritos eram os compositores românticos, como Antônio Maria, Maisa Matarazzo, Dolores Duram, Lupcínio Rodrigues e o mais procurado de todos, Dorival Caimi. No lado, da Bossa Nova, Jobim, Carlos Lira, João Gilberto, além dos carnavalescos.
Os tempos passaram e os três iniciantes formadores foram estudar fora e se apresentavam em sua volta nas férias acompanhando cantores como, Armando Cava, Helena Estrela, Nésia Menneses, Adair Vera, Lula Pinto de Oliveira e por último, a doçura de intérprete que foi a malograda Magda Torino.
A vida encarregou-se de terminar com os artistas em foco e a morte, também, teve a sua parcela de culpa levando o Oldemar, o Fernando, o Jurandir e finalmente o Fúlvio. Estes e outros fatores provocaram a separação da turma tão afinada e treinada nos acordes dissonantes, como se dizia na época.
Parece que a década de 70 foi madrasta com esses mocinhos agora adultos e quis confirmar o refrão do número que eles mais gostavam e que era o samba de Dorival Caimy, intitulado Nunca Mais e que sempre nas ruas apresentações era peça pedida, repetida e que soava como encerramento do show quando, poeticamente se expressava assim:

Uma vez me pediste chorando... eu voltei
Outra vez me pediste sorrido... eu voltei
Mas agora eu não quero, não posso... Nunca Mais,
O que tu me fizeste amor, foi Demais...

O grande exemplo de vocalização moderna com suas canções bem elaboradas, principalmente para luzir-se no teatro e nas serenatas, cumpriu um ciclo e nunca foi rivalizado ou imitado e transformou-se em saudade.
O Conjunto Vocal Andorinhas, acalentou muitos sonhos, compôs muitos romances com suas líricas canções ajudando amigos e durou bastante tempo, para terminar suas atuação em distintos pontos do Estado, inclusive na Capital, no Uruguai, e demonstrar a capacidade da nossa gente, embora não voltando como dizia o compositor baiano... Nunca Mais.

 

 
Quarteto de 1953, Ari Joaquim Pinto de Oliveira, Jurandir, Homero, Rubén Dário acompanhando Clari Pinto de Oliveira (Lula). (1953)
 
Conjunto em formação de trio faltando o Jurandir para completar o quarteto, a esquerda José Fúlvio Amaral, Nancy de Azevedo solando, Rubén Dário e o Homero.
Nova formação em quarteto, Rubén Dário, Fernando Rodrigues (Bicudo), Homero e Jurandir (1955).
Segunda formação em quinteto, da esquerda para a direita, Air Armendaris, Rubén Dário Azevedo, Jurandir Morroni, Oldemar Camejo e na frente Homero Vasques Rodrigues (1952).
Hernani Frigério organizador do grupo numa foto tirada numa de suas grandes paixões, uma moto NSU, tendo como fundo o Palmar no Passo do Colchão.
Fotos do acervo do Autor.

Homero Suaya Vasques Rodrigues
homero@planetsul.com.br