GINÁSIO DE SANTA
VITÓRIA
O segundo momento desse Educandário – As Formaturas
Em
outras crônicas destaquei a importância de uma
Escola de nível ginasial em nossa cidade e quão
grande tornou-se o seu funcionamento para a evolução
desta comunidade extrema.
Nossa juventude depois de cursar o ensino primário,
a Escola Elementar, via-se, em sua grande maioria, impedida
de seguir adiante na procura de melhoria nos estudos, para
depois, conseguir fazer o adiantamento chamado Médio,
que a levaria se preparar para um vestibular, dando ingresso
nas poucas faculdades que existiam em nosso Estado.
Era, realmente, uma pequena elite de moços de ambos
os sexos, que podiam enfrentar, em tenra idade, uma distante
separação, pois, os centros, como Jaguarão,
Rio Grande, Pelotas, sem falar na Capital, ficavam no mínimo,
uma distante viagem de mais de 350 kms, numa época
em que o transporte precaríssimo se fazia pela Mirim,
pior ainda, pela costa do mar, via Rio Grande ou mais caro,
rápido e seguro, pelo avião da VARIG.
Muitos conterrâneos depois de se entrosarem no ambiente
que haviam escolhido para seu aprendizado jamais voltaram
ao seu pago onde seriam de grande valia. Tivemos honrosas
exceção que foram destaque em suas vidas profissionais,
mas que, na realidade, eram muito poucos para suprir as
grandes necessidades que colaborariam para o grande salto
de progresso e desenvolvimento comunitário, graças
à sua formação acadêmica.
Desde março de 1950 começava uma nova era
nos meios estudantis desta terra, porque, além do
fato de mais de cem alunos, freqüentarem os bancos
escolares prorrogando por quatro ano, a permanência
dos mesmos por aqui, numa fase etária em que era
preciso o amparo da família para transformar-se numa
maior segurança.
Por falar nisso, quantas pessoas deslocaram-se com todos
os membros de seus clãs pra as cidades referidas,
sem falar, no Uruguai, a fim de proporcionar companhia aos
adolescentes tão esperançosos e frágeis.
Chefes de família, tiveram que abandonar os seus
trabalhos no campo, para enfurnar-se num apartamento em
cuja volta havia inicialmente uma multidão de pessoas
desconhecidas.
Vale nesse instante a filosófica e jocosa frase do
grande homem público, que foi Orlando Rota, o Pichinga,
quando ironicamente se referia a um cidadão que fazia
essa transferência: “mais um mergulhão
para tomar mate em apartamento”.
O Ginásio de Santa Vitória instalado precariamente
nas acomodação do prédio da Associação
Ruaral, na Mirapalhete, esquina Neyta Ramos, cujo tempo
durou do início da década até o começo
do ano de 1961, quando as acomodações atuais
na Barão do Rio Branco ficaram sendo o abrigo deste
estabelecimento ímpar, pelo momento em que passávamos.
Inicialmente existiram duas turmas, a 1ª. série
ginasial com os alunos que passaram no exame de Admissão
(comparado a um vestibular) e os que não conseguiram
chegar, pela idade ou por não haverem sido aprovados
no difícil concurso, feito das matérias de
Português, Matemática, Geografia, História
e Ciências.
Em 1953 concluíram o curso, os primeiros e adentrarem
no ao citado educandário, tendo como paraninfo da
turma, o grande amigo desta terra e que foi a alma mater
da criação do Ginásio, professor Oscar
Machado, que no momento encontrava-se nos EUA e foi representado
por sua filha no ato de formatura.
A oração representando os estudantes foi feita
pelo malogrado jovem Holmis Camejo, de grande inteligência,
de dotes poéticos e de oratória, sendo inclusive
o 1º Presidente do Grêmio dos Estudantes.
Os formandos,por serem muitos, vão identificados
na fotografia alusiva a tão importante ato.
A segunda turma, teve como escolhido para homenageá-lo
o bel. Jorge Calvete que foi levado ao cargo de Inspetor
Federal (obrigação legal de tê-lo naquele
período) e que deu seus préstimo até
o fim dos anos em pauta, quando o cargo foi extinto. Diga-se
de passagem, que o Dr. Jorge, como era carinhosamente conhecido
na localidade, atuou em tal posto de maneira gratuita, fato
que mais o engrandeceu entre os seus pares santa-vitorienses.
O inspetor de alunos Rêmolo Fontes foi destaque nas
homenagens do corpo discente ora formando, mercê a
sua íntima relação com os jovens que
lhe dedicavam profundo respeito e mais amizade. O orador
representando os alunos foi o autor desta saudosa crônica.
Os professores de ambas as turmas foram, mostrando as matérias
que lecionavam: José Simões – matemática,
inglês e ciências; Josué Petrack –
português, latim e francês; Raimundo Ribeiro
– história e geografia; Olga Gutierres, francês,
Washington Gutierres, geografia; Clair Torino – desenho
e canto orfeônico; Gilka Estrella, educação
física e secretária da Escola, Clari de Oliveira,
apelidada desde a meninice de LULA.
A partir desse instante uma revolução começou
a se desenvolver no município , quando jovens estudantes
transformaram-se em referências dentro da comunidade
sulina.
Repetindo a frase lapidar do bacharel Cândido Auch
Ribeiro, grande amigo de escola e que foi mais tarde, também,
professor,
“A História de nossa terra divide-se em dois
momentos fundamentais – Antes e Depois do Ginásio
de Santa Vitória”.
Expressão profética que até agora é
uma prova cabal da realidade de nossa gente.
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